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Excalibur (1981)

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Excalibur“A popularização da Idade Média nas últimas quatro décadas teve como marco o sucesso de filmes como Excalibur, do diretor inglês John Boorman, e o próprio O Nome da Rosa – o qual, aliás, contou com a consultoria de Jacques Le Goff, um importante medievalista”.

A citação é do História Medieval, livro do Marcelo Cândido da Silva que terminei de ler há pouco tempo. Ao longo de 155 páginas, o professor da USP passa por temas como Invasões Bárbaras, Império Carolíngio, Feudalismo, Cruzadas, Peste Negra e Guerra dos Cem Anos e termina fazendo uma análise sobre a forma como enxergamos a Idade Média atualmente. Segundo ele, a visão tradicional, ou seja, a da “Idade das Trevas” (torturas, fome, intolerância religiosa, misticismo, submissão da mulher e guerras) tem sido aos poucos revisitada para incluir aspectos positivos do medievo, como a origem das raízes nacionais e regionais, das fábulas e das tradições orais e escritas que teriam dado origem às modernas nações europeias.

Li o livro porque eu também quero mudar minha percepção sobre Idade Média. Eu, que dou aula para o ensino médio desde 2015, estou começando a me afeiçoar ao tema (acabei de assistir a série Tudors, comecei White Queen), mas até então eu achava tedioso passar pela matéria do primeiro bimestre do 1º ano, visto que ela começa com Feudalismo e termina com Grandes Navegações. Este ano, antes do Covid-19 paralisar as aulas presenciais, eu dei aula vestido de rei absolutista, de cavaleiro cruzado e de Martinho Lutero numa tentativa de tornar aquilo mais interessante para os alunos e para mim também. A ideia é essa, transformar ponto fraco em ponto forte, por isso estou buscando repertório sobre o período e por isso vi e resenho agora este filme que o Marcelo Cândido recomendou.

Excalibur (que por aqui ganhou o subtítulo IMPRESSIONANTE  de ‘A Espada do Poder’, devidamente suprimido) é uma narrativa clássica sobre a história daquele que certamente é o monarca mais conhecido da história, o Rei Arthur. Nomes como Camelot, Guenevere, Lancelot, Merlin, Morgana e os Cavaleiros da Távola Redonda fazem parte do imaginário da cultura pop mundial e praticamente todo mundo já esbarrou com eles uma vez ou outra na vida, seja em filmes, quadrinhos, músicas, etc. O que o longa do diretor inglês John Boorman faz é organizar as tramas mais conhecidas desse universo (que ainda carece bastante de fontes sólidas, baseando-se principalmente nos relatos deveras fantásticos de escritores como Gildas, Godofredo e Chrétien de Troyes) em pouco mais de 2hrs20min de projeção. É legal? Médio.

Excalibur - Cena 1

Boorman inicia sua epopeia mostrando como o Uther Pendragon (Gabriel Byrne), pai de Arthur, conheceu e apaixonou-se pela mãe do personagem, que até então era casada com um de seus maiores rivais. Para conseguir o amor de sua amada, Uther pediu para que Merlin (Nicol Williamson) ajudasse-o a infiltrar-se nos aposentos da moça com uma magia de disfarce, ao que o mago atendeu em troca de uma promessa: o primeiro fruto daquela união deveria ser entregue a ele. 9 meses depois, Merlin retorna e, como prometido, leva o recém nascido Arthur para ser criado e educado como o futuro rei dos bretões.

Um salto no tempo nos leva até a cena mais icônica da saga, que é a retirada da Excalibur da pedra. Athur (Nigel Terry), já adulto, consegue sacar a lendária espada da rocha na qual seu pai a havia incrustado, sendo reconhecido daí em diante como o rei que unificaria o território da futura Inglaterra sob o lema de “uma terra, uma lei”. Seguem-se cenas de batalhas grandiosas, a formação da célebre “Távola Redonda”, a construção de Camelot, o casamento de Arthur com Guenevere (Cherie Lunghi), o início de sua amizade com Lancelot (Nicholas Clay), o romance proibido entre Lancelot e Guenevere (que só não é o ‘chifre’ mais famoso da literatura porque temos o eterno caso Capitu/Bentinho/Escobar), a busca pelo Santo Graal e, finalmente, o embate entre Arthur e sua irmã, Morgana (Helen Mirren, lindíssima), que valeu-se de um relação incestuosa para conceber Mordred (Robert Addie), filho que deveria destronar Arthur e tornar-se o novo soberano dos bretões.

Excalibur - Cena 2

A ambientação, sem dúvidas, é o ponto forte aqui. Valendo-se de figurinos, cenografia e coreografias de batalhas que resistiram ao teste do tempo (lá se vão 40 anos!), Boorman apresenta lutas grandiosas que tornam-se ainda mais espetaculares quando olhamos para as produções atuais e vemos que, atualmente, o mesmo tipo de material tem sendo gerado quase que exclusivamente com o uso de CGI. Acredito que sejam essas referências visuais, aliadas a apresentação de ideias como o código de conduta dos cavaleiros, o misticismo dominante e a percepção de que o rei representa a vontade de Deus na terra (o tal do Absolutismo de Direito Divino teorizado por caras como Jacques Bossuet e Jean Bodin), que fizeram o historiador Marcelo Cândido indicar Excalibur como um bom exemplar de produto sobre a Idade Média, o que de fato ele é.

Minhas ressalvas ficam por conta da duração: achei puxado 2hrs20min de filme. Além de ser praticamente inviável exibi-lo na íntegra na sala de aula (com horários de 50min, eu levaria quase 2 semanas, mas isso não é bem um ‘defeito’, né), algumas partes claramente duram mais do que o necessário e poderiam ter sido melhor editadas, como o romance entre Lancelot e Guenevere e a busca pelo Graal. A extensão dessas subtramas, aliás, fazem com que, em comparação, o confronto final entre Arthur e Mordred pareça corrido, quase um anticlímax.

Foi bom ver Excalibur, tanto por fazer “check-in” em um clássico, quanto por reforçar o meu repertório sobre a Idade Média. Como material didático, porém, seguirei usando por ora o episódio 01 da primeira temporada da série (Des)Encanto, que é curto, bastante atual e trata de forma mais acessível e bem humorada os temas propostos.

Excalibur - Cena 3

Trumbo – Lista Negra (2015)

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Trumbo - Lista NegraVocê é ou já foi comunista? Faça o teste oficial respondendo a pergunta abaixo:

  • Mamãe faz o seu lanche favorito. Sanduíche de queijo e presunto. Na escola, você vê alguém sem lanche algum. O que você faz? Divide? Diz para ele arrumar um trabalho? Oferece um empréstimo a 6%? Simplesmente o ignora?

Você divide? Ah, sua pequena comunista!

E, com esta brincadeira, Dalton Trumbo (Bryan Cranston) mostra para a filha que ela também é um pouco comunista 😀 Obviamente, trata-se de uma simplificação jocosa, mas, naquela época, em 1947, o famoso roteirista ainda não tinha motivos para tratar com mais seriedade a paranoia de seus conterrâneos contra o comunismo: a 1° emenda da constituição americana garantia a liberdade de expressão e o direito de livre associação para todos. Trumbo não imaginava, porém, que a disputa ideológica entre EUA e URSS acirraria-se nos próximos anos e obrigaria-o a negar a sua própria identidade e convicções políticas para conseguir sobreviver aos terríveis anos em que o macartismo e a Lista Negra de Hollywood assombrariam a vida de quem declarava-se “comunista” nos Estados Unidos.

Trumbo – Lista Negra, longa do diretor de comédias Jay Roach (da série Entrando Numa Fria), é um desses filmes feitos para agradar em cheio os fãs mais dedicados de cinema. Roach recria os bastidores de Hollywood para homenagear a incrível história de um homem que, apesar de ter vencido o Oscar duas vezes (Melhor Roteiro por Arenas Sangrentas e A Princesa e o Plebeu), não pode receber nenhuma das estatuetas. Motivo? Trumbo, que fora condenado por ter ligações com o movimento comunista estadunidense, só conseguia vender seus roteiros através de pseudônimos, logo ele não podia comparecer nas premiações. Não é apenas por essa deliciosa metalinguagem, no entanto, que o filme merece sua atenção: temos aqui uma produção que cumpre o importantíssimo papel de reabrir uma ferida antiga da história norte americana para que as dores provocadas por ela não sejam esquecidas e nem repetidas pelas novas gerações.

Trumbo - Lista Negra - Cena 4Talvez por saber que hoje em dia é difícil falar de comunismo para o público sem despertar uma infinidade de reações boçais, o diretor abre o filme explicando o contexto que estimulou vários americanos a aderirem à ideologia soviética na década de 40. Após a Quebra da Bolsa de NY em 1929 e o período de instabilidade econômica conhecida como “Grande Depressão” que seguiu-se, o comunismo praticado em solo russo surgiu como uma possível alternativa para o capitalismo americano que acabara de dar sinais de esgotamento. Assim sendo, Trumbo e outros tantos roteiristas, atores e diretores de Hollywood filiaram-se ao Partido Comunista Americano. Inicialmente, os direitos civis deles foram respeitados, mas o orgulho nacional recuperado com a vitória na Segunda Guerra Mundial e o início da Guerra Fria levantaram suspeitas sobre suas atividades políticas. Acusados pelo senador Joseph McCarthy de usarem os filmes para “envenenarem a mente dos americanos”, Trumbo e seus companheiros foram intimados a deporem no senado e, por recusarem-se a “cooperarem” com as investigações, acabaram presos.

Trumbo - Lista Negra - Cena 3Como o verdadeiro foco de Trumbo é abordar as consequências reais da paranoia e da histeria política, tanto esta contextualização quanto a ida do roteirista para a cadeia são mostradas rapidamente. Nos primeiros minutos da trama, o diretor nos leva até festas e gravações de filmes onde é possível perceber a crescente rejeição ao comunismo pela população e pelas pessoas envolvidas com o mundo do cinema. Trumbo é ofendido na frente da própria família por um homem descontrolado e vê a colunista Hedda Hopper (Helen Mirren) e o ator John Wayne (David James Elliott) ajudarem a criar a “Aliança de Filmes pela Preservação dos Ideais Americanos”, uma entidade que lutou pela censura e exclusão dos trabalhos dos comunistas de Hollywood.

O que era e deveria ser encarado apenas como uma divergência política, algo fundamental para o bom funcionamento da democracia, é então criminalizado e Trumbo é enviado para a cadeia. Desnecessário falar dos predicados do Bryan Cranston para quem assistiu a série Breaking Bad, mas quem acha que ele nunca dissociará-se da imagem do icônico Walter White surpreenderá-se com o quão rápido ele nos faz aceitá-lo em outro papel. A última metade do filme exige muito do ator, visto que Trumbo experimenta todo o tipo de alegrias e humilhações (reparem na sensação de impotência absoluta no rosto dele na cena da revista na prisão) que levam-no desde a descrença total até o regozijo da vitória, e Cranston não decepciona, fazendo-nos alternar constantemente entre o amor e ódio pelo personagem.

Pela relevância do tema e pela qualidade do material, considero uma verdadeira bizarrice a pouca atenção dada pela Academia ao filme. Trumbo, que definitivamente não é um veículo panfletário para nenhuma ideologia (o roteiro critica, por exemplo, tanto a hipocrisia dos defensores do capitalismo quanto a falta de praticidade dos comunistas), recria momentos importantes e emocionantes da história do cinema, como as polêmicas que envolveram as filmagens e o lançamento do Spartacus do Kubrick, faz referência a uma infinidade de produções do período (gostei demais de tudo que envolveu o John Goodman e os filmes B) e mostra o poder do exemplo de um homem que, em um momento de dificuldade, apoiou-se na família, nos amigos e no próprio talento para ajudar a derrotar a Lista Negra de Hollywood, episódio vergonhoso e inaceitável da história da indústria cinematográfica (que vergonha, John Wayne!).

Pela justa homenagem que presta ao roteirista, pela defesa que faz da liberdade de expressão e pela divertida jornada através dos bastidores de Hollywood, Trumbo merecia mais do que apenas uma indicação ao Oscar (Melhor Ator pela atuação do Cranston): ao meu ver, ele poderia tranquilamente substituir o A Grande Aposta, o Brooklyn, o Ponte dos Espiões ou o Spotlight na categoria de Melhor Filme. Foram injustos com o roteirista no passado, estão sendo injustos agora com o filme sobre ele: a Academia, pelo jeito, continua receosa com material sobre os “comedores de criancinhas”. Que vergonha!

Trumbo - Lista Negra - Cena 2

Hitchcock (2012)

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HitchcockAssistir Hitchcock com a minha noiva ontem a noite, logo após rever Psicose, foi uma experiência incrível e recompensante. O filme, que enquanto obra de arte isolada já é ótimo, traz várias referências e curiosidades sobre a produção daquele que é o longa mais conhecido do diretor, detalhes que podem passar despercebidos para quem nunca viu Psicose ou não gosta/conhece/interessa-se pela filmografia do “Mestre do Suspense”, mas que certamente agradarão os fãs e recompensarão a bagagem por eles acumulada.

Tendo debutado na direção com o documentário Anvil: The Story of Anvil, o diretor Sacha Gervasi utiliza sua experiência com histórias não ficcionais para adaptar o livro Alfred Hitchcock and The Making of Psycho, do escritor Stephen Rebello, de modo a revelar o homem por trás da lenda. Anthony Hopkins, que está irreconhecível debaixo de uma maquiagem monstruosa, dá vida ao diretor em um momento complicado de sua carreira. Apesar de ter acabado de dirigir o bem sucedido Intriga Internacional, Hitchcock é confrontado diariamente por repórteres que lhe fazem perguntas difíceis. De um lado, uns lhe pressionam querendo saber qual será seu próximo trabalho, do outro, questionam se ele não deveria encerrrar a carreira enquanto ainda era um diretor importante, tendo em vista que vários outros nomes eram apontados naquele momento como os prováveis novos mestres do suspense. Para reiventar-se e calar a boca dos criticos, o diretor escolhe um caminho arriscadíssimo: contrariando os conselhos da esposa (Alma, interpretada pela Helen Mirren), do agente e do chefe da Paramount, Hitchcock decide adaptar para as telas o livro Psicose, ficção baseada em fatos reais que havia chocado os leitores devido a sua trama macabra envolvendo assassinatos, travestismo e embalsamento de cadáveres. Desacreditado e sem apoio do estúdio, o diretor aposta no seu talento e resolve financiar o projeto do próprio bolso, o que cria um atrito entre ele e a esposa que só aumenta quando ela começa passar as tardes na companhia de um escritor.

Hitchcock - Cena 3

Eu nunca tive a felicidade de assistir nenhum episódio da série Alfred Hitchcock Presents, mas conheço-a através de leituras e converas com amigos e por isso esbocei um sorriso logo na primeira cena, aquele sorriso bom de uma criança que tem suas vontades atendidas. Após uma discussão entre dois homens que termina com um batendo com uma pá na cabeça do outro, a câmera move-se para a direita e revela o Anthony Hopkins incrivelmente caracterizado como o diretor. “Good evening”, diz ele segurando uma xícara. Arrepiei quando vi e arrepiei agora escrevendo. O sotaque, o terno preto escondendo o abdomen volumoso, a postura imponente… Hopkins que, na minha modesta opinião, já estava devendo um trabalho relevante há muito tempo, transforma-se no diretor diante dos nossos olhos e, cena após cena, diálogo após diálogo, nos convence que estamos vendo não apenas uma mera interpretação, mas sim o próprio Hitchcock orquestrando sua obra prima.

A história, que começa logo após essa divertida e sombria introdução, recria a premiere do Intriga Internacional para nos contar a situação que o diretor encontrava-se naquele momento. Apesar de ser incrivelmente respeitado por sua filmografia, Hitchcock não possuía carta branca para “inovar” seu trabalho. Um Corpo que Cai, que hoje é considerado um de seus melhores filmes, trouxe inovações e, além de não ter sido bem recebido pela crítica, deu prejuízo nas bilheterias. Receosa de um novo fracasso, a Paramount nega-lhe o financiamento de Psicose e pede para que ele faça algo mais comercial, como a adapatação do Cassino Royale do Ian Fleming. O diretor, que encontrava-se desejoso de um desafio como aqueles que ele enfrentara no começo da carreira, decide então hipotecar a própria casa para financiar o filme, o que tanto traz à tona alguns de seus problemas conjugais quanto acabam lhe inspirando a raiva, desespero e medo que seriam vistos na tela em Psicose.

Hitch, "Janet Leigh" e "Anthony Perkins"

Hitch, “Janet Leigh” e “Anthony Perkins”

Sacha Gervasi investe bastante tempo no aspecto psicológico da relação entre o diretor e sua esposa e em como isso inflenciou no filme que ele estava fazendo, o que torna Hitchcock convidativo para qualquer apreciador de um bom drama, mas é sobretudo na valorização dos detalhes e no conhecimento dos fãs que ele alcança um resultado magnífico. Eu, que havia acabado de assistir o Psicose, adorei ver algumas das cenas mais famosas do filme serem recriadas. Scarlett Johansson ficou linda como a igualmente provocante Janet Leigh, a obsessão do diretor com loiras e sua “linha dura” com os atores é citada e explorada e a famosa cena do chuveiro, além de ser mostrada como fruto de uma explosão emocional do diretor, ainda garante boas cenas de bastidores (onde são citados outros filmes da época) e um momento mágico próximo ao fim da projeção onde o diretor, também tal qual uma criança, observa feliz o resultado de seu trabalho.

Marcada sobretudo pelo seus filmes de suspense, a história do Alfred Hitchcock, ou pelo menos parte dela, é utilizada aqui para contar uma história de amor. Gordo, irônico, egocêntrico e muitas vezes tido como uma pessoa sádica, o diretor é visto por Gervasi como um homem que procurava, sobretudo, impressionar a própria mulher. As frustrações e fraquezas, catalizadoras do talento de Hitchcock, associadas ao pragmatismo e a competência de Alma, segundo Gervasi, geraram todos esses filmes maravilhosos que amamos. Hitchcock é um filme que satisfaz os fãs de Psicose e do trabalho do lendário diretor e que ainda tem o poder de instigar a galera mais nova a procurar sua filmografia devido as várias referências e citações da trama, principalmente uma maravilhosa envolvendo um certo pássaro preto.

HITCHCOCK

RED – Aposentados e Perigosos (2010)

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Poucas coisa me lembram mais de filmes de ação do que o Bruce Willis com um revólver na mão (talvez o Schwarza dando um murro na cabeça de um camelo, mas isso aconteceu só uma vez). E aqui ele começa o filme fazendo preparativos para o natal e tentando receber o cheque do seguro. A premissa de RED (sigla para Retired Extremely Dangerous, algo como Aposentados Extremamente Perigosos) é que alguns ex-agentes da CIA, entre eles o personagem do B.Willis, devem ser eleminados no melhor estilo queima de arquivo. É CLARO que os mais velhos sempre acham (e muitas vezes tem razão) que são melhores do que aqueles que estão vindo para tomarem seus lugares e aqui eles vão pegar em armas para provar isso no melhor estilo FUCK YEAH que podemos esperar de caras como o John Malkovich. Isso, ou pelo menos isso é o que eu esperava.

RED é legal e vale o ingresso, mas o trailer me deu uma idéia de um filme diferente do que vi. O que eu esperava: um testosterona total cheio de cenas absurdas, personagens caricatos e explosões, muitas explosões. O que o filme oferece: uma comédia sobre conflitos de gerações onde as cenas de ação, mesmo que bem legais e forçadas (apesar de poucas), são um PLUS, não a regra.

Algumas coisas que me fizeram esperar muito esse filme (como a imagem cool da Helen Mirren com um rifle na mão) não rendem o suficiente. O Morgan Freeman foi muito mal aproveitado e, para falar a verdade, até o Bruce Willis está bem capenga. O Malkovich pode até já ter ficado estereotipado como cara loucão que grita e fala palavrões, mas mesmo assim ele está muito engraçado e o personagem cai bem para a história.

Gostei, mas eis mais um exemplo em que o trailer é melhor que o próprio filme.