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Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (2011)

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Uma das coisas que mais chamaram a atenção no primeiro Sherlock Holmes dirigido pelo Guy Ritchie foi o “vigor” apresentado pelo personagem do Robert Downey Jr. e o humor afiado do texto. Eu particularmente nunca li nenhum livro do Arthur Conan Doyle mas nem de longe eu imaginava o detetive inglês daquela forma. Lembro que, curioso para saber o quanto essa versão moderna assemelhava-se ao personagem original, procurei alguns artigos e resenhas feitas por pessoas que diziam conhecer os livros e, de forma geral, elas concordavam que os trejeitos do Downey Jr. representavam uma variação “aceitável” do detetive mas eram taxativas em apontarem o exagero das cenas de luta. Ao que parece, Holmes dominava vários estilos de luta, mas nada comparável as sequências de pancadaria propostas por Guy Ritchie.

Acho que não falo só por mim quando digo que essas semelhanças/diferenças, naquele caso, serviram mais como curiosidade do que como fatores determinantes na hora de apreciar o longa. Guy Ritchie fez um blockbuster respeitável, um filme que conseguiu equilibrar boas cenas de ação com uma narrativa divertida e um final inteligente. Sim, Holmes batia como um campeão, mas os momentos em slow motion onde ele calculava previamente o resultado de cada golpe reservaram alguma “intelectualidade” para o personagem e, por assim dizer, tornaram-se uma marca do filme, um de seus aspectos mais memoráveis. Ciente do material que tinha nas mãos e da lógica do mercado atual, Ritchie plantou elementos que denunciavam que a história ganharia uma continuação e cá estamos nós.

Assassinatos aparentemente desconexos são vistos por Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) como um complexo plano para colocar a Europa do século XIX em guerra. Ao lado do recém casado Dr. Watson (Jude Law), Holmes começa a investigar seu principal suspeito, o inteligente e misterioso Professor James Moriarty (Jared Harris). A empreitada leva-os de encontro a cigana Simza Heron (Noomi Rapace, que debuta em Hollywood após o sucesso da Trilogia Millennium) e revela a existência de um grupo anarquista que também está em interessado em impedir a guerra.

Bem, considerando que aqui não temos mais o fator “novidade” concernente aos personagens e ao estilo do diretor, devo dizer que O Jogo de Sombras é um tanto quanto decepcionante. As cenas de luta em câmera lenta aumentaram, o Downey Jr. parece ter pirado completamente e a trama ainda reserva uma pomposa reviravolta no final, ou seja, é mais do mesmo que já foi visto. Não sei se é o momento de fazer tal comparação mas, enquanto assistia o filme, eu não conseguia deixar de pensar que, aparentemente, está reservado para o futuro do Sherlock Holmes nos cinemas o mesmo caminho trilhado pelo Jack Sparrow no Piratas do Caribe. O que começou como uma franquia atrativa capitaneada pelo talento de um ator extraordinário converteu-se em continuações cada vez mais dependentes das excentricidades desse ator, relegando a história um papel secundário desestimulante. A perseguição ao Professor James Moriarty, alardeada no trailer como uma aventura para salvar toda a Europa, acaba sendo o que menos importa em um filme repleto de boas piadas e situações cômicas. Divertido? Sim, mas é um caminho que não  acrescentou nada ao filme original e que, sinceramente, não me levaria ao cinema novamente a não ser pela vontade de manter-me atualizado.

Tirinha sintomática encontrada na net. Créditos: http://atmosphera2.blogspot.com/