O Jogador (1992)

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Robert Altman é conhecido por produzir filmes “inteligentes”. Dele, assisti o M*A*S*H, uma sátira à Guerra da Coréia que influenciou uma quantidade enorme de filmes de comédia mas que, principalmente pelo tema, ficou um pouco datado para a nossa geração e o Short Cuts – Cenas da Vida, um drama sobre os aspectos banais do dia-a-dia com vários personagens e histórias paralelas que estende-se um pouco mais do que o necessário. O Jogador reúne o que há de melhor nos dois filmes citados (o humor e o roteiro complexo) e merece a alcunha de “inteligente” principalmente por apresentar esses elementos para o espectador de uma forma bastante agradável.

Tim Robbins interpreta Griffin Mill, um executivo de Hollywood que passa o dia em reuniões com roteiristas e escritores decidindo quais histórias serão levadas às telas do cinema. Griffin tem que dizer não para muitas pessoas e isso lhe rende alguns inimigos. Ele começa a receber postais com ameaças de morte e, quando decide investigar a situação, envolve-se em um crime que coloca sua reputação em Hollywood em risco.

O Jogador é um filme sobre um filme, é uma crítica explícita ao cinema de produtor popularizado durante a década de 80 onde o que passou a importar foram as fórmulas de filmes de sucesso, não a expressão artística que diretores como o próprio Robert Altman tanto defenderam durante a década de 70. Altman aproveita de seu prestígio no meio cinematográfico para levar a tela várias participações especiais (Cher, Bruce Willis, Julia Roberts, Susan Sarandon, Angelica Huston, Malcolm McDowell, etc), o que além de ser legal dá veracidade ao ambiente hollywoodiano que ele cria para o filme. Criticando o excesso de cortes dos filmes daquela que ele chama “Geração MTV”, Altman apresenta vários planos longos extremamente bem feitos, como a cena que abre o filme, uma sequência de quase 7 minutos sem cortes. O final, além de ser uma crítica divertidíssima aos filmes contemporâneos, deixa uma pergunta interessante: assistimos o filme ou o filme sobre o filme? Roteiro magnífico e filme obrigatório para quem é interessado no aspecto “logístico” de Hollywood.

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